quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Eu vi Madonna!

Vamos começar a falar do show? Em todo lugar só se fala dessa mulher, mas a boa notícia é que Madonna não dá ressaca. E eis, finalmente, o post em que esse blog inteiro se baseia, o post sobre o show. Pra quem não sabe, fui sozinho. E foi lindo.
Fotos: algumas são minhas, outras são do MadonnaOnLine.

Indo para o Morumbi
Li na internet que haveria uma linha de ônibus especial ligando o Morumbi à Praça Ramos (perto do Teatro Municipal). O estádio abre as 17h, saí de casa as 15h30. Peguei o metrô até lá e o ônibus nada de passar. Começou a chover. Um cara com a blusa da Madonna também aparece no ponto e logo se vai. Eu, claro, saio correndo atrás. Junto do desconhecido deduzimos que a linha funcionará só na volta, rá! Ainda bem que logo ali fica o terminal Bandeirantes, daí tinha ônibus para o Morumbi fácil. Peguei um, lotado, e lá fui eu...

No Morumbi



Chego, despeço dos desconhecidos do ônibus (um paulista e um carioca) e vou procurar minha entrada. O mar de gente é interrompido por ilhas de cambistas que vendem tudo que você pode imaginar com Madonna estampada. São camisas, capas de chuva, toalhas, bonés, pôsteres e relógios de parede! Só não tinha ninguém vendendo ingresso. Intriga da oposição esse lance de “na porta tem VIP por 50 reais”. Quem inventou isso foi um fã amargurado de Mariah Carey. Só tinha gente comprando ingressos, ok?

Depois de passar pela pior revista do mundo (o segurança não viu que eu estava de mochila!), estou dentro e direto para a lojinha oficial. Compro um tourbook, um óculos e bottons. Saio correndo pra pista e me ajeito no meio da galerinha que já está lá. Meu lugar é bom. Mais pra trás, mas um pouquinho à direita do palco apenas.

O DJ Paul Oakenfold sobe ao palco. O set dele é bem fraco. Tem Britney, Nelly Furtado, Red Hot e White Stripes. Até anima o pessoal. Mas não precisa ser nenhum gênio para montar aquilo. O povo praticamente o ignora e, com o tempo passando, começam a dar tchau pro cara. Madonna está duas horas atrasada agora. Algumas vaias começam a ser ensaiadas, surge um coro que grita “Piranha! Piranha!” e uma moça atrás de mim diz que todos devíamos ficar de costas quando ela subisse ao palco. Até parece!

O palco é pequeno. Deu até dó de quem está lá atrás na pista. Há apenas um cubo no centro dele e as luzes parecem muito baixas, a parafernália parece se concentrar no teto. Não parece que ele é o tão famoso palco de Madonna. Mas when the lights go down...



Algo está definitivamente errado no palco. A equipe verifica e reverifica coisas toda hora e uma placa do telão não está funcionando (o último teste acontece bem antes do show). Mas parece que está tudo certo e, para provar, a luz se apaga.

Começa o show!

Intro / Candy Shop
No cubo, começa uma animação de uma fábrica de doces bem no estilo Willy Wonka de ser. Uma gracinha. Trechinhos de músicas tocam ao fundo do som ambiente da fabriqueta. O telão começa a se desdobrar e cada uma de suas quatro partes vai para um lugar do palco. Resta um no centro e ele vai girando e, olha lá, Madonna sentada em um trono!



Ela entra sorridente, cantando “Candy Shop”. A acústica do Morumbi é realmente boa. A coreografia é bonitinha, todo mundo vestido com roupas finas, mas com movimento. Essa é uma das músicas mais fracas do show e do CD, mas cai muito bem no momento. É um “bem vindo ao show” perfeito. Tem um ar de apresentação de cabaré.



Beat Goes On
O telão se enche de silhuetas de prédios com neons e Pharrell aparece. Madonna grita “E aí, São Paulo?”. A mulher canta muito bem, a voz dela é realmente ótima. A música é uma delícia e todo mundo canta junto. Agora sem o casaco, Madonna tem mais liberdade de movimento e anda para todos os lados com os dançarinos. Enquanto o telão da passarela desce com uma projeção de Kanye West fazendo o rap da canção (que eu adoro), aparece, do meio do nada, um carro conversível no palco! Madonna faz pose e, depois de se esfregar em um cara, lhe rouba a cartola. Pouco antes disso, a mocréia do meu lado acendeu um cigarro de maconha. Ainda bem que todo mundo encheu o saco e ela sumiu dali. Fiz um vídeo, mas minha câmera não abedecia, nem dá pra ver nada, é só pra ter uma noção de onde eu estava na platéia. Deus abençoe o zoom.

Human Nature
Ainda com a cartola, o vídeo com Britney Spears num elevador aparece. Madonna pega a guitarra, vai para a ponta da passarela e diz: “You know I’m not sorry, right São Paulo?”. Ela canta a canção de 1994 tocando guitarra. Ótimo momento. Nunca pensei que uma guitarra poderia se tornar ainda mais fálica do que ela já é por natureza. Madonna consegue fazer isso. Um playboy que está na minha frente vira e me pergunta: “Ela toca guitarra mesmo?”. Respondo que sim, claro.

Vogue
Com o palco ainda vazio, Madonna começa uma dança sozinha. Uns lasers rosas saem do chão e parecem estar em volta dela. Entra o batidão e os tick-tocks de “4 Minutes”, mas é uma pegadinha. Trata-se de uma nova versão de “Vogue”. Quando o público percebe isso, o lugar desmorona. As pessoas praticamente berram a música. Os dançarinos vem chegando aos poucos, usando roupas sado masoquistas, e a antológica dancinha do clipe ganha uma extensão e passinhos tecktonik. Sem dúvidas o melhor momento até agora.



Interlude: Die Another Day
Enquanto Madonna está no camarim trocando de roupa, um vídeo lindo da canção toma os telões. Ele foi feito com ela usando uma roupa sexy de boxeadora, treinando em um ringue. Esse devia ser o clipe original da música, de tão bom que ele é. No palco, dois dançarinos fingem lutar boxe. Desnecessário.

Into The Groove
Meu Deus! É agora! Telões coloridos, com desenhos inspirado no artista plástico Keith Haring (famoso grafiteiro dos anos 70 e 80, em Nova York), dão o tom. Madonna está linda com um casaco sem mangas, um shortinho vermelho e meias até os joelhos. Ela chega do lado direito pulando corda e vai até o outro lado, onde há uma cabine com o DJ Enferno e um poste.





Ela dança e pula no poste e você vê a cara das pessoas se perguntando quantos anos tem essa moleca no palco. Ela começa a cantar e todo mundo canta junto. Uma das canções mais legais dela, sem dúvida. A cabine vai andando para o outro lado do palco, Madonna desce e faz uma coreografia com os dançarinos em fila. Um pedaço de “Jump” toca e ela vai para o meio do palco e pula corda. Duas ao mesmo tempo. Dançando. Inacreditável. Volta para perto do DJ e volta a cantar. Depois, pede para a platéia cantar o refrão de novo, pula corda de novo, e, depois, se joga no chão. Nota mil.





Heartbeat
Deitada, duas japinhas tiram seus sapatos e colocam um All Star com salto nos pés de Madonna. O barulinho de coração da música fica intenso e ela levanta cambaleando. Mas faz parte do show. Enquanto canta, os dançarinos pegam em seus braços e pernas, como se ela fosse uma boneca e eles controlassem seus movimentos. Aqui é um playback descarado, mas a gente dá um desconto. Ela tem 50 anos e pulou corda, gente.



Borderline
Essa música fóssil é desenterrada com uma versão bem legal: Madonna pega a guitarra (dessa vez ela é cor de rosa) e vai para o meio do palco. Genial. Agrada os saudosos e a mim. Sério, essa versão deixa a música mais pesadinha e aí você vê como tinha poesia nessa música chiclete dos anos 80. Cantei junto e até ensaiei uma dancinha com um gordinho do meu lado!



She’s Not Me
Madonna coloca um óculos de coração e gritinhos histéricos aparecem aqui e ali. Ela diz: “This one is for the ladies! Have you ever had a best friend that wanted everyhing you have? Including your boyfriend?”. E então ela começa a canção, que fala sobre como é péssimo ser trocado por outra pessoa. No telão, imagens de várias fases de sua carreira. Ela canta com muita alegria, super solta, como se estivesse mesmo dirigindo a palavra a alguém. No final, mulheres usando antigos looks dela aparecem na passarela. Madonna vai lá e tira a luva da que representa a fase “Material Girl”, mexe no véu da de “Like A Virgin” e tira a peruca da moça de “Open Your Heart”. Depois, ela dá um beijo na boca da Marilyn. Ela vira e diz "puta!" para uma delas (sim, em português) e depois "bitch!". Se volta para virgem e dá um outro beijo, dessa vez bem demorado e com direito uma com a mãozinha na bundinha da outra. O Morumbi urra!



As moçam somem e deixam Madonna dançando sozinha até cair no chão, chutando o ar (uau!) e só de maiô – sim, ela tira o colete e a bermudinha. Ela levanta e atravessa a passarela de quatro enquanto toca um trechinho de “Last Night a DJ Saved My Life”, sucesso disco dos anos 70.

Music
Os telões tem animações com grafitti em um fundo preto, que dão a impressão que estão no ar. E os dois do meio são vagões de metrô. Na hora de começar, eles se dividem, e é como se as portas se abrissem. Muito bom! Ela aparece agora com um short roxo. Aqui ela faz uma mistura com Fedde Le Grand, que é ótima. Essa música realmente é um hino. Todos cantam junto e a dança é perfeita.



Interlude: Rain / Here Comes the Rain Again
Videozinho que mistura a canção de Madonna com a do Eurythmics. Tem um visual de mangá e entram dois dançarinos japoneses fazendo uns passinhos estranhos. Bocejei. Nada acontece aqui.

Devil Wouldn’t Recognize You
Momento alto para mim. Essa música me diz muito e estava louco para vê-la ao vivo. É um grande momento do show. O telão da pista desce por inteiro. Ele é de fibra ótica e, assim, se o vídeo nele for escuro, dá pra ver o que acontece lá dentro. Usando desse recurso, imagens de gotas de chuva e de água são projetadas e Madonna está lá dentro, cantando lindamente em cima de um piano. É realmente muito bonito e todos ficam espantados com a beleza daquilo. Infelizmente não dá pra fazer fotos boas disso.



Spanish Lesson
Já sem o capuz e o casacão, começa o violão frenético e Madonna pergunta à platéia: “Hablas español?” e muita gente não entende a referência à música e pensa que a cantora acha que falamos espanhol no Brasil. Duh. É uma apresentação bem doida, com caras dançando com capuzes. Podia ter ficado fora, mas é linda e a voz de Madonna está ótima.

Miles Away
Todo mundo senta em volta de Madonna, ela pega o violão e toca “Miles Away", que é sobre relacionamentos à distância. Nos telões, imagens de passaportes e de pessoas de todos os lados do planeta. Momento ótimo pois a música é leve, fácil de cantar junto e uma delícia.

La Isla Bonita
Do meio do palco aparece uma banda de ciganos, com violinos, sanfonas e mais violões. Começa a canção, com trechos de “Lela Pala Tute”, uma música tradicional da Turquia, que casa muito bem aqui. Na verdade, é uma apresentação requentada da feita do Live Earth, com o Gogol Bordello, mas ficou ótima. Eu fui um dos que torceu o nariz ao saber que ela estava no set, mas ela é muito enérgica e todo mundo pula e canta junto – exceto a parte em turco, que só eu canto e atraio olhares de reprovação do pessoal ao meu redor. Nem ligo.

Doli Doli
A bandinha cigana toma conta do palco e faz uma performance que é surpreendentemente divertida. Enquanto isso, Madonna senta com um pessoalzinho e finge tomar umas bebidinhas. Chega uma moça fazendo a tradicional Dança das Sete Saias e uma delas é a bandeira do Brasil.

You Must Love Me
Ao som de violinos, monta-se um banco e Madonna se senta com um violão e interrompe os músicos. “Can I say something before we go on?”. Ela se vira para a platéia e ressalta que se trata do último show, agradece à equipe, aos músicos, aos dançarinos ao pessoal técnico e aos fãs. O Morumbi grita, assobia e bate palmas. Então ela fala que tem três filhos e que os três estavam ali aquela noite assistindo. Hum, será que eles gostaram dos beijos? Ela dedica a música para os guris e começa.

“You Must Love Me” é do filme “Evita”, que eu nunca vi inteiro, acho super chato. Quando soube que ela ia cantar nos shows, procurei e achei bem legal. É uma balada com uma letra simples, mas bem forte. O telão lateral mostra um monte de gente na platéia que está chorando. Nas frases finais, Madonna dá umas tremidas e as pausas entre as palavras ficam longas. Ok, eu estou vendo errado ou Madonna está chorando? Sim, está. E bastante. A música pára e o Morumbi assobia e bate palmas tão forte que ninguém faz idéia. Um lado grita “We love you! We love you!” e outro diz “Madonna! Madonna!”. Ela praticamente fala a última linha da canção e desaparece enxugando os olhos. Lindo!

Interlude: Get Stupid
O vídeo mistura os tique-taques de “4 Minutes” com frases de “Beat Goes On”, que dão um outro sentido à canção, formando outra música. Não há ninguém no palco e cada telão mostra uma coisa diferente. Madonna cantando, relógios e frases. Nas imagens, pessoas morrendo de fome, guerra, animais mortos, supermercados lotados, gente obesa, pátios de concessionárias e fábricas de comida. Na primeira parte, sobre o caos, aparecem pessoas no naipe do Hitler. Na parte sobre solução, Madre Teresa, Gandhi, Dalai Lama, Oprah, Bono e Barack Obama – quando ele aparece todo mundo grita. É bem legal. Não há como comparar ver o vídeo no YouTube com os telões no palco.

4 Minutes
Depois de uns estrondos, Timbaland aparece nos telões. Madonna surge com a roupa mais feia do planeta. Percebe-se que a intenção é parecer uma coisa futurista, desculpa te jogar a real, mas não deu! É bem feia mesma. É muito alheia a performance. Justin Timberlake aparece em mini telões que rodam pelo palco (lembra das portinhas do metrô?), mas o dueto fica meio estranho. A voz dele é a mesma da canção, então não há harmonia entre os dois. Foi isso que achei, mas ninguém parece se importar. Eu fiquei praticamente parado, pois sabia que música vinha a seguir...



Like A Prayer
O ar escuro dá lugar a muita claridade e a um olho egípcio no telão do meio. Aparecem também frases da Bíblia e Os 72 Nomes de Deus. Madonna tira a parte de cima da roupinha e, sim, começa “Like A Prayer”. E numa versão tecno que, acreditem, funciona ao vivo – e, ainda bem, não exclui o coral. O Morumbi vem ao chão! Essa é a música que une todas as gerações de fãs. Absolutamente ninguém está parado. Tem um pouco de dança no palco, mas a música é a principal atração. Todos batem palma junto, gente canta de olho fechado, é muito legal.



Ray Of Light
Ela para de pular na ponta da passarela, o telão cilíndrico desce, mas só para ela pegar uma guitarra, e logo sobe. Tudo fica escuro e imagens de constelações dominam as telas. “Ray Of Light” foi um daqueles álbuns que mudaram minha vida. Mesmo! Não é a toa que tenho um símbolo dele tatuado no braço. Esse é um dos pontos altos para mim. A música é linda e ela na guitarra é genial. Tinham dançarinos de capacete em algum lugar, mas nem vi. Era a hora de eu me curtir, sabe como? Gritei a letra com toda a força que tinha, foi um belo momento! Madonna pedia pra todo mundo pular junto, mas não dava. Eu estava bem cansado. Afinal, já estávamos nas duas horas de show, mais as duas horas de atraso, mais as duas horas que cheguei antes! Imagino que o resto do Morumbi estivesse assim também...

Like A Virgin
A bateria pede que todos continuem batendo palmas. Madonna grita “Have you had enough?” e todos respondem um sonoro “No!”. Daí ela diz que essa é a parte do show em que alguém escolhe que música ela vai cantar. Mas que não é algo totalmente democrático, pois se ela não gostasse do pedido, não ia cantar. Assim, ela aponta para um moleque e pergunta o nome dele e, tadinho, ele responde “Deeper and Deeper”. Daí Madonna zoa: “That’s not your name and I’m not gonna sing that one”. Vai para o lado e começa a converser com um chamado Diego. O imbecil pede “Sorry”! Mas, graças a Deus, rola um burburinho atrás do moleque, gritando “Like A Virgin”, Madonna ouve e pergunta: “How about ‘Like A Virgin’?”. Nem precisa dizer que todos assobiam e batem palmas. No que ela diz: “I wanna sing ‘Like A Virgin’ because you (referindo-se a platéia) make me feel shiny and new”. Muito bom! Mas aí ela avisa que a música é muito velha e que ela vai cantar uma frase e a platéia precisa cantar a outra. Ninguém fez feio, é um clássico.

Hung Up
Ainda com a guitarra pendurada, Madonna começa a tocar a música. No telão aparece um jogo de xadrez. Ela pede que todos fiquem atentos pois, agora, a Rainha vai dominar o Rei. Hummm. Dançarinos entram usando bandeiras do Brasil como saias. Nada para contar aqui, a não ser que é “Hung Up” e todo mundo canta junto e é bem legal. Mas nada excepcional até que ela faz um solo no final! Novamente tornando a guitarra ainda mais fálica e fazendo ruídos perto da caixa de som com um final a la Mick Jagger, com pulinhos.

Give it 2 Me
Começa o remix da música. O telão é uma animação que lembra videogames antigos, como o Atari. Frases como “insert coin”, “player 1”, “start now!” aparecem. Ao invés de arminhas, os jogos no telão exibem letras M. Ela entra e canta ao vivo. Todos os dançarinos estão usando óculos nerds. Pharrell aparece no telão e Madonna dança muuuuuito. Depois disso, ela começa a dublar. O playback é convincente pois não é versão do CD, é uma voz pré-gravada. Mas é meio óbvio que ela já parou de cantar por causa da dança intensa. Ela dá de ombros para um dançarino e rouba os óculos dele. Depois ela beija uma menina de novo e também demooora.



Nunca tinha reparado como a frase "You're only here to win" é interessante. Ela é muito mais profunda do que parece, mas não vou me demorar no assunto.



Os caras passam uma rasteira em Madonna e todos fazem um montinho em cima dela, num tipo de brincadeira por ser o último show. Ela pede para a platéia cantar junto. Os telões vão andando e, no final, lá está de volta o cubo. Madonna entra nele e lemos: “Game Over”. Quem ganhou? Acho que ela.


Indo embora...

O show passou muito rápido. Cansado, me sento. Afinal, tem 70 mil pessoas saindo agora. Levanto e, andando devagar, vou procurar o tal ônibus especial. Chego lá e vejo que, tadam, já é uma da manhã! A fila para pegar o veículo era enorme e fui conversando com o pessoal.

Menina na minha frente: “Aí eu liguei pra mamãe na hora de ‘La Isla Bonita’ e ela me perguntou se o show já tinha acabado. Aí eu falei que não, que era pra ela ouvir a música. A minha música”. Pousou um silêncio misterioso e eu fiz as honras de perguntar o que ninguém ao redor teve coragem: o motivo daquela música ser “a música dela”.

Eis a explicação. A mãe decidiu que ela ia se chamar Tainá mas, no hospital, indo dar à luz, estava tocando essa canção. Provavelmente louca de anestesia, a mulher ouviu “La Isla Bonita” e entendeu “Larissa bonita”. Assim, claro, a menina agora leva consigo o lindo nome de Tainá Larissa.

Entramos no ônibus e chego na Praça às 3 da matina. Fim.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Enquanto isso, em São Paulo...

Cheguei ontem em São Paulo. Vim de avião (ele atrasou duas horas e pegou turbulências), mas exatamente por isso foi divertido. Logo no aeroporto tinha gente com blusa da Madonna. Saí ontem a noite e voltei às 6h (vim de metrô, beijos). Na apresentação de Madonna ontem deu tudo certo e não choveu, então estou fazendo figas para que o mesmo aconteça esta noite. E hoje é dia de concentrar para o show! Depois dou detalhes.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Começa a contagem regressiva

Está bem perto agora. São 2h35 da manhã e eu não consigo dormir. Toda hora penso em algo pra colocar ou tirar da mala. Verifico a bateria da câmera, do celular. Medito se levo uma revista ou um livro. Coisas assim.

Como disse, não se trata apenas de um show da Madonna. É minha primeira vez sozinho em São Paulo, o que é excitante e assustador – adjetivos sempre aplicados juntos quando o assunto é coisa nova.

E nenhum show da Madonna é só um show. É um espetáculo mirabolante e gigante e eu mal posso esperar para vê-lo.

Não sei qual vai ser minha situação por lá em relação à internet. Tentarei postar alguma coisinha logo depois do show e, depois, faço um texto bem grande e completo sobre todo o processo que é assistir um show dessa mulher.

(Meu Deus, esse blog passou dos 600 acessos, que legal!)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O lado ruim (sim, tem um)

Pode parecer que não, mas ir ao show da Madonna tem seu lado ruim. Que quando comparado ao lado bom, claro, é insignificante. Mas vamos lá:

- Vergonhazinha: A Globo insiste, quatro vezes por dia, em fazer uma matéria com as fãs que estão na fila. Puxa, que vergonha. Além daquela falta de assunto, é muito mico. O naipe do povo que aparece na TV me dá vergonha. E sempre tem o finalzinho clichê, onde as bibas travestidas de Madonna cantam uma música dela em coro. Vegonha alheia DETECTED.

- Inveja branca: Todo mundo quer saber mais que você. O povo vem te contar coisas sobre o show o tempo inteiro. Eles não percebem que, se você já se deu o trabalho de comprar ingressos, passagens, roupas, reservar hotéis e tudo, é porque você gosta da mulher, certo? E, se vai ao show, deve estar lendo e vendo tudo que sai a respeito dele por aí. Mas não. Eles não acham isso. Todo mundo vem te contar aquelas fofocas fajutas de “você viu que ela fez sexo com um pai de santo?”. Ai, preguiça. Mas, olha, até as que são verdade. Se eu ganhasse um centavo com cada pessoa que veio me dizer “você viu que Madonna pediu 800 quilos de gelo pro camarim?”. Aí eu dou um sorriso amarelo e, pela milésima vez, explico que o gelo é pros joelhos, cotovelos e músculos dela e dos dançarinos (são 28) depois de cada performance. E que são para os cinco shows...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tourbook

Acaba de pousar em minhas mãos o tourbook da turnê. Rapaz, é lindo! Quis comprar de uma vez pra não correr o risco de ficar sem - já que o show que verei será o último. Quem trouxe pra mim lá do show no Rio foi o Leonardo (a quem serei eternamente grato e ainda devo 10 reais). Ele tá meio sofrido pois estava chovendo muito no dia, mas tá valendo. Quando chegar em casa, posto fotos aqui.

UPDATE: Cheguei e, depois de muita luta com o servidor do Flickr, postei algumas fotos. São lindas e gigantes e Madonna está uma belezura. As fotos são de Tom Munro (diretor do clipe de "Give it 2 Me") e a edição é do brasileiro Giovanni Bianco.



Para ver todas, clique aqui.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Nos jornais daqui

Com os shows chegando (hoje é a estréia da temporada brasileira, no Rio), Madonna tá em tudo quanto é lugar. No "Jornal Nacional" ela apareceu três vezes na semana. Na mídia impressa, tem matéria na Rolling Stone (capa), na Bravo (11 páginas), na IstoÉ, na Veja e em vários jornais. Em sites, nem se fala. Hoje foi dia da mídia mineira falar dela também. O Pampulha e o Estado de Minas fizeram matérias sobre pessoas que vão viajar para ver algum dos shows. Interessante.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Está chegando...

Tem muita gente me perguntando se estou contando os dias para o show. Faltam 10 e confesso que só fiz as contas agora. Eu sei que vou e está tudo garantido e planejado, então estou tranqüilo. Aliás, só de estar aqui em Belo Horizonte – e não na porta do Morumbi – já mostra isso, né?

O que estou fazendo? Bom, comprei uma bermuda para ir ao show (pois sei que vou morrer de calor e realmente não tinha nenhuma cabível à situação) e de vez em quando eu me pego fazendo uma lista mental do que levar na mala. Mas só isso.

Estou indo pra ver ao vivo. Já sei como é o show, que músicas estão no setlist e tudo. Mas não dá pra passar uma vida sendo fã de uma pessoa e nunca vê-la pessoalmente. Quero dizer, claro que dá. Outros dos meus ídolos, como Beatles e Frank Sinatra provam isso. Mas se o show vier pra cá, não consigo pensar em um motivo para não ir.

A mulher é um mito. Não acompanho nada da carreira solo de Paul McCartney, mas se ele resolver aparecer por aqui, lá vou eu. Eles são vozes de suas gerações e não interessa se vão cantar músicas novas, sucessos antigos ou "Atirei o Pau no Gato".

Mas confesso que é legal saber que estou tão perto do show. Vai ser uma experiência e tanto (toda a viagem) e uma ótima história pra contar na volta.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Passagens compradas

Com medo de não conseguir passagens para o show, pedi que meu pai já as comprasse. Assim, quando meu salário saísse, eu o pagaria. Mas, sabe como pais são, não é? Depois de me enrolar por uma semana ele finalmente estava no guichê da Gol e me ligou feliz, dizendo que achou passagens por um bom preço para a ida e a volta.

- Anote aí: você vai na quinta-feira às 8 horas da manhã e volta no sábado, as 9 e meia da noite.

Eu fiquei em silêncio durante três segundos e expliquei, com muita calma, dois detalhes:

- Pai, eu só consegui folga no trabalho meio período de sexta. Ah, e o show é no domingo!

Daí foi a vez dele de ficar em silêncio por três segundos. Perguntou sem esperar a resposta:

- É, então não dá, né? Bom, vou ligar lá e trocar então.

E assim o fez.




Atenção, amigos paulistas. Vou pra cidade sábado de tarde e volto segunda de noite. Ou seja, uma noite só em São Paulo! Não sei onde consigo reunir todo mundo, mas ainda tenho tempo para pensar. E, de certa forma, é bom isso. Vou andar pela galeria , tomar cafés e coisas do tipo. A ficha tá caindo. Dentro de 13 dias eu verei um show da Madonna ao vivo. Achei que isso nunca fosse acontecer.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Hello, avião

Almoçando com meu pai hoje. Papo vai, papo vem, mencionei meus planos: ir pra São Paulo de ônibus e voltar de avião. No caso, ele já tinha se disposto a pagar metade da passagem. No que ele diz:

- Mas aí a diferença entre você ir e voltar de avião vai ser só de 80 reais.

E eu respondo:

- Sim, mas né? Eu sou pobre.

Ele faz cara de quem concorda e eu sigo tagarelando. No que ele interrompe e diz:

- A minha parte do ingresso tá paga? Era só aquele dinheiro que eu já te dei ou tem mais alguma coisa pra pagar?

- Não, não. O ingresso tá todo pago já.

(Silêncio)

- Ok, eu pago um avião.

Sim, gente. Meu pai vai me dar um avião! Tá, mentira, claro, mas deu pra entender. Ele vai pagar a ida e eu vou pagar a volta. Resultado: show da Madonna viajando sozinho de avião e em São Paulo. Ge-ni-al. E aí ele ficou falando de eu ir antes e passar o final de semana com minha tia, mas ele não sabe a outra parte dos meus planos, *hohoho*

domingo, 19 de outubro de 2008

Pegando os ingressos

Acordei, tomei banho, coloquei uma roupa colorida e fui pra Renner retirar meu ingresso para o show. De cara, a moça da Tickets 4 Fun (chamada Daniela Aparecida e muito simpática, por sinal), logo diz que “um” sistema está fora do ar. Enquanto ela digita o número do cartão pra ver se estou na parcela de pessoas afetadas com o erro – causado, provavelmente, pelo horário de verão – eu já digo que devo estar. Porque Murphy me persegue, né?

Mas eu não estava, vê bem!

Tudo certinho, conferido e a alegria reina. Como todas as outras 140 mil pessoas eu fiz questão de tirar uma foto do ingresso, uma do caixa e, claro, uma com ela, Daniela, a quem eu carinhosamente apelidei de “minha salvadora, te amo, beijos”.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Pagando os ingressos

Caminhando em direção ao show. Ainda bem que não literalmente (se tudo der certo vai até rolar avião na volta). Estamos a pouco mais de dois meses do show e é agora que a coisa esquenta. Ui.

Chegou ontem a bendita fatura do cartão e lá tá escrito uma coisa que jamais imaginei que ia ler ali: “Madonna”. Sim, veio escrito isso. Eu comprei a Madonna por 158 reais. Baita pechincha!

Acabei de encontrar com meu pai e ele já me deu o valor do dinheiro que tinha me prometido – pra quem não sabe (e/ou não leu ali embaixo), ele vai pagar metade do ingresso como presente :)



Tô tão empolgado que coloquei o áudio da turnê no MP3 player e vou passar a tarde ouvindo.

domingo, 21 de setembro de 2008

Ingressos

Assim que confirmados shows de Madonna no Brasil, eu entrei em pânico. Como bom fã, queria ir, claro. Mas, como bom estagiário, sabia que não seria barato. Com um certo pesar, mas com certeza da escolha, decidi não ir. Ia ser bem caro e eu tinha outras prioridades.

Todos os meus amigos ficavam de queixo caído com isso. Sabem como eu gosto de Madonna e não podiam acreditar que eu ia perder os shows sem mesmo tentar. Às vezes nem eu. Ela está no topo daquela listinha secreta de ídolos que você é capaz de loucuras pra ver ao vivo.

Aí saiu a relação de preços. O ingresso mais caro de todos, a Pista VIP, era 600 mangos. De cara para o palco. Meia-entrada 300. Nem era caro. Mas tinha que pagar agora e à vista. Propus que meus pais dividissem o preço e me dessem de aniversário e/ou Natal. Os dois aceitaram e eu fiquei muito feliz!



Então vamos lá: 14 de dezembro no Rio ou dia 18 em São Paulo. Dia 18, claro. O Rio é muito quente – e o show vai ser em dezembro – e, bom, só tem cariocas. Dá-lhe São Paulo. Problema que o site pra comprar era uma bosta. Cabem 140 mil pessoas no Morumbi e 110 mil fizeram cadastro para compra. Cada pessoa pode comprar até 6 ingressos, ou seja, vai dar merda. E dito e feito.

Vendas começaram meia noite e eu desisti de tentar as 4h. Dia seguinte, segui tentando, no trabalho, de 9h até as 18h. O site não me deixava avançar muito. Quando, finalmente, pedia minha senha – cadastrada em julho! – falava que eu não estava cadastrado. Quase morri. Ingressos esgotados e fim. Pronto, não vou mesmo.

E eis que surge mais uma data em São Paulo, dia 20. Volto a tentar e também não consigo comprar. Aparece alguém que conseguiu e tá vendendo uns ingressos fudidos de arquibancada por setenta fucking reais a mais. Hesito, mas digo “não, obrigado”.

Na gangorra de emoções de vou/não vou, aparece mais uma data no Rio e outra em São Paulo. Por causa do site de merda, agora vendas só por telefone. Já são cinco shows no Brasil, nenhum outro vai aparecer. É agora ou nunca. Vendas começaram meia noite de um sábado. Desmarquei tudo com meus amigos e fui acampar ao lado do telefone.

Aleluia
Não antes de 70 tentativas (sim, eu fui marcando em um papel), uma mocinha muito simpática me atendeu. Meia noite e vinte e cinco, meu ingresso tava comprado e eu tava dando piruetas de felicidade no meu quarto.